Filme | 1917
Um dos filmes indicados à #92 edição do Oscar e vencedor 3 das 10 categorias, o qual foi indicado (Melhor Efeitos Visuais, Mixagem de Som e Fotografia).
O grande diferencial deste filme é a narrativa ser contada através de um falso plano sequência. Esta técnica é a essência do filme, pois com ela o tempo pode ser um personagem antagonista.
Este foi um dos filmes que só ouvi falar por causa de suas indicações ao Oscar. Durante a minha tentativa de assistir todos os filmes indicados antes do evento me deparei com esta obra prima do audiovisual.
A estrutura do filme é a clássica jornada do herói. Ele se inicia com o contexto histórico geográfico que o personagem principal pertence e constrói vinculo entre os personagens. O personagem principal é acompanhado em parte da sua trajetória por um amigo (dupla que me lembrou de Senhor dos Anéis).
Durante o filme o tempo vai se revelando como vilão e gerando uma angústia tremenda no espectador. A edição de som realmente é magnifica, auxiliando em muito ambientação do filme. Como já mencionado, o filme é um falso plano-sequência e sabe utilizar esse recurso técnico a favor da narrativa. Se o espectador souber deste detalhe técnico parte de sua experiência é tentar descobrir onde o filme tem cortes ou se maravilhar com tomadas de câmeras impossíveis e uma direção de fotografia impecável.
O filme tenta passar a ideia que é em tempo real com o falso plano-sequência e a história gira em torno da tentativa de um soldado enviar uma mensagem para outro pelotão, logo a combinação destas mecânicas conectam o espectador de uma forma monumental. Seja uma explosão de uma armadilha em território inimigo, a queda de um avião desgovernado ou o alívio de conseguir ajuda de uma tropa amiga. Em constante torcida por melhora é impossível não abraçar a história e se afligir com suas adversidades.
A escolha das paletas de cores ambientam em que parte do filmes estamos. Se inicia em tons verdes terrosos, passa por verdes vivos, cinzas, laranjas e amarelos, azuis escuros, verdes vivos novamente e bejes acinzentados e azuis finalizando em nos mesmos tons de inicio. Como um ciclo.
Com olhar de um design a narrativa foi bem sucedida em contar a história com o tempo sendo o adversário do protagonista. Para isso acontecer a técnica teve de ser impecável, tanto que a própria academia concordou dando apenas prêmios técnicos. Não que a história não fosse boa (até porque foi indicado a Melhor Roteiro Original), mas o seu grande diferencial não era este. Além disto, as paletas de cores e planos em vários momentos inspiram qualquer artista gráfico. Muito bons para usar como papel de parede…
*som da tecla de Print Screen sendo apertada*
Como designer é bom ter exemplos de bons usos da técnica e como o “saber usar” pode tornar coisas simples (como o roteiro de 1917) em peças de contemplação. Tornar uma história de um mensageiro tão cativante foi o maior feito que o diretor Sam Mendes e sua equipe fizeram.
Esse filme merece 9/10 mosquetes e 7,8/10 rolos 8mm.
Imagens retiradas do filme 1917, diretos reservados a Universal Studios.